Revista Hall 42ª Edição - Junho de 2015 - page 16

Hisako Sekijima tem 70 anos. É pequena e delicada
como são, em geral, as mulheres japonesas. Inglês
perfeito, pois teve a oportunidade, por causa do
marido, de viver por dois períodos nos Estados
Unidos. No dia em que conversamos, a roupa
que vestia era ocidental, mas destituída de
qualquer modismo.
Apesar da aparência quase frágil, carregando na mão
uma pequena tesoura, uma faquinha e um canivete,
para mostrar que trabalha com utensílios dos mais
corriqueiros, é ela própria quem faz de guia para
um pequeno e pré-agendado grupo de mulheres
convidado a visitar a exposição de suas últimas
esculturas no Museu Tomo, em Tóquio, no final
do ano passado.
Encantada com o que via e ouvia, ainda tive a
oportunidade de com ela almoçar em seguida e
saber mais como, a partir da experimentação com
diferentes técnicas da cestaria, ela pode transformar
os mais rudimentares elementos da natureza em
formas e feições tridimensionais e que nos remetem
a pensar na pureza e na espiritualidade embutidas
nas esculturas de um Brâncusi.
Embora nos Estados Unidos, entre 1975 e 1979 e,
mais tarde, entre 1998 e 1999, tenha estudado a
cestaria dos índios nativos americanos sob uma
abordagem contemporânea, muito mais que artesã
da cestaria ou conferencista e professora do métier,
Hisako é uma escultora consagrada, com exposições
em diversos países como Estados Unidos, Inglaterra,
Alemanha, Japão e tem peças de sua autoria em
conhecidos museus do mundo. Hisako Sekijima
esteve inclusive no Brasil, onde conheceu Renato
Imbroisi, pessoa que muito admira, conhecido por
seu trabalho com artesãos de norte a sul no Brasil
e também em Moçambique.
Seu dia a dia hoje em Tóquio é simples. Em seu
próprio pequeno jardim, ela se abastece com
cascas de árvores, palmas, rattan, fibras de arbustos
frutíferos como o abricó e outros, varetas, galhos,
raízes de gengibre e o que lhe parecer transformável
por suas mãos habilidosas e o auxilio de seus
pequenos utensílios. Uma escultura pode levar um
mês inteiro de dedicação. São os filhos que não teve.
Hisako reconhece ter expandido os limites da
cestaria ao extremo, não só recolhendo inspiração
na natureza como buscando novas ideias, formas,
conceitos e técnicas. Como professora que foi,
sempre soube ser generosa, dividindo informações
sobre as técnicas que desenvolveu ao longo do
tempo, colocando questões instigantes aos alunos e
ajudando nas soluções dos problemas.
HISAKO SEKIJIMA,
DA CESTARIA
À ESCULTURA
HISAKO SEKIJIMA, DE LA CESTERÍA A LA ESCULTURA
P O R M A R I A I G N E Z B A R B O S A
WOOD ALMOST II
HISAKO SEKIJIMA
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De Estilo e Olhar /
De Estilo y Mirada
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