Investimento em design e ecologia faz sucesso
23/10/2011 em NotíciasMercado nacional se destaca e setor cresce 9% no primeiro semestre do ano
O setor de móveis de luxo está se fortalecendo no mercado nacional. Segundo Michel Otte, de 33 anos, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Móveis de Alta Decoração (Abimad) o mercado interno está turbinado pelo boom imobiliário e aumento da renda do brasileiro.
“No primeiro semestre as vendas do setor no Brasil vinham crescendo 9%. Acredito que haverá um arrefecimento desse crescimento no segundo semestre devendo terminar o ano com crescimento em torno de 6%. Vai depender um pouco do fim do ano que é decisivo nas vendas do nosso segmento. O aumento de renda do brasileiro e o acesso à informação está transformando rapidamente o perfil do consumidor, e a busca de móveis com design é consequência disso”, explica.
Otte afirma que o mercado exterior, no entanto, não está tão aquecido quanto o nacional. Ele afirma que muitos fabricantes de móveis brasileiros têm larga experiência na exportação, mas a queda da competitividade do produto brasileiro fechou muitas portas.
A Abimad organiza duas vezes ao ano, em São Paulo, a Feira Brasileira de Móveis e Acessórios da Alta Decoração, para apresentar as principais propostas, tendências e novidades no setor moveleiro e décor de luxo. A feira conta com um departamento especial para receber visitantes estrangeiros e entre outras ações, proporciona o Encontro Internacional de Negócios, um programa para incentivar as exportações. Atualmente, a Abimad conta com a participação de 187 empresas associadas de todo o Brasil.
Michel Otte também é diretor comercial da Butzke, uma empresa com 260 funcionários que produz uma linha completa de móveis voltados para áreas externas e de lazer para o mercado nacional e atualmente exporta para 30 países.
“A Butzke existe há 112 anos e desde a fundação trabalhamos com madeira que vai no tempo, pega sol e chuva.
Investimos em produtos sustentáveis e com design. É um conceito muito amplo que vai desde o emprego de matéria-prima certificada FSC até o projeto que otimiza recursos. Sempre com produtos assinados por designers brasileiros”, destaca, acrescentando que entre as maiores dificuldades no negócio está o equilíbrio entre a customização e a necessidade de ser competitivo.
A produção é por lotes, seguindo padrões através de fichas de produto que atendem as especificações do projeto. Uma peça passa desde máquinas robotizadas até a produção manual no acabamento. A empresa tem algumas linhas de móveis e produtos, como os Bankottes, banquinhos de eucalipto certificado, além de desenvolverem móveis com exclusividade para clientes.
Criação em materiais diferentes
O designer Rafael Miranda, de 32, mora na Itália há 11 anos, onde se graduou em desenho industrial no Istituto Europeo di Design de Milão e concluiu seu mestrado na Scuola Politecnica de Design. Ele desenha móveis com design contemporâneo, em diversos materiais como madeira, fibras naturais e metais, além de materiais ecologicamente sustentáveis. Seu trabalho já ganhou alguns dos prêmios mais importantes do design mundial como o Red Dot Design Award.
“O meu público-alvo são jovens e pessoas ligadas às novidades do mercado internacional, que procuram produtos que sejam diferentes, divertidos e ligados à moda e arte”, destaca.
Miranda revela que pesquisa novos materiais que possam ser usados de modo diferente em produtos habituais. Suas peças são produzidas artesanalmente ou com tecnologia encontrada no Brasil, pela Schuster.
A preocupação do empresário Custodio Ribeiro, de 51, é conseguir os materiais para atender toda a criatividade dos designers. A Vimoso é uma empresa familiar fundada em 1950, que atuava no setor de cestaria e migrou lentamente para o mobiliário, onde investe em peças produzidas com fibras naturais e outros materiais.
“Tivemos dificuldade em conseguir boas parcerias com os profissionais de design e agora para conseguir os materiais. O setor moveleiro está em um bom momento. Com a crescente demanda de dormitórios no Rio de Janeiro, acreditamos em um aumento dos negócios do setor”, aposta.
Seguindo a tendência no mercado nacional, a empresa, que conta com 35 funcionários, concentra as vendas nas duas lojas próprias, uma no Rio Plaza Shopping, em Botafogo e outra na fábrica, localizada na rodovia Washington Luiz, em Duque de Caxias. Enquadrada no Simples, a empresa tem faturamento anual de até R$ 2.4 milhões.
Aposta na expansão da rede hoteleira
O comerciante Rodrigo Perroni, 45, da Velha Bahia Móveis, também acredita no crescimento do mercado devido à expansão da rede hoteleira. A empresa é uma montadora: os desenhos são feitos por Luciana Duque, artista plástica, as peças são fabricadas por vários artesãos e à empresa cabe a montagem e acabamento. A Velha Bahia exportou por cinco anos, mas a competição com produtos chineses não se mostrou proveitosa e eles focaram no mercado interno.
“Pretendemos surfar a onda que vem se formando no Rio de Janeiro. Estamos nos colocando no melhor lugar possível, nosso produto é feito por cariocas para cariocas e ecologicamente corretos. Tivemos crescimento de 10% neste ano e achamos que pode melhorar”, comemora.
A empresa fabrica móveis maciços feitos em madeira de demolição ou reflorestamento e ferro. Perroni destaca que seu público alvo são clientes da classe A e B. Os produtos vão de R$ 200 a R$ 10 mil, que podem ser encontrados nas cinco lojas próprias no Rio e Niterói. O faturamento é convidativo, em torno de R$ 10 milhões anuais.
Já o empresário Ailson Lino, de 44, da Fibras Arte fica atento à concorrência dos produtos asiáticos no mercado nacional. Ele aprendeu o artesanato aplicado em móveis ainda menor de idade e alguns anos depois começou a própria produção, em casa em um espaço de 40 metros quadrados, com dois ajudantes. O negócio prosperou e em 1984, ele inaugurou a fábrica própria em Duque de Caxias, que emprega 130 pessoas.
“O investimento inicial para abrir a empresa girou em torno de R$ 300 mil. Hoje produzimos mais de mil tipos de produtos, todos certificados e feitos artesanalmente. As peças são encontradas, em média, por R$ 6 mil.
Atualmente a Fibras Arte é a maior fábrica do Rio de Janeiro com showroom de 1.200 metros quadrados na Rio-Petrópolis, além de um espaço ambientado e decorado de 800 metros quadrados em Niterói. Também contamos com representantes em todo o País”, destaca.